terça-feira, 28 de maio de 2013

Catorze anos e querendo ser mãe

Eu não sou contra mães jovens, até porque eu tive o Be um mês depois de fazer vinte anos. Mas tenho um problema muito grande com um certo tipo de mãe adolescente: aquelas meninas que, com treze ou catorze anos, querem ser mães custe o que custar.
 
É lindo ter um filho, é muito bom ser mãe, mas sejamos francas: é uma puta barra, e não consigo aceitar que seja madura o suficiente para ser mãe uma menina que mal terminou o ensino fundamental, isso se terminou. Fico pensando no que uma garota dessas imagina que seja a maternidade, porque com certeza passa muito longe da realidade. E eu acho um absurdo ainda por cima porque seus discursos são sempre baseados em 'eu quero', 'meu namorado trabalha', 'minha família apoia'. OK, ela tem apoio. E se, depois de engravidar, descobre que o namorado tem outra, ele se manda, morre, a família é sequestrada por ciganos ou dá as costas, o que essa menina vai fazer? Como vai cuidar de uma criança, sendo que nem registrá-la sozinha ela vai poder? O que vai fazer para garantir que o filho vai ter uma fralda pela manhã, um leite quando a fome bater?
 
Tô pra fazer 21 anos, tenho formação técnica e ainda assim para mim não é fácil. Decidi ficar em casa o quanto puder com o Bernardo, afinal minha prioridade agora é ele, mas se eu precisar me virar eu tenho como. Não preciso me preocupar com escola, nem com contar com meus pais quanto a certas responsabilidades. Ainda que eu seja mãe solteira, posso dar um jeito de cuidar do Bernardo se eu não tiver ajuda. Sou legalmente responsável tanto por mim quanto pelo meu filho.
 
E aí me pergunto: será que essas meninas de catorze anos têm a menor noção do que estão fazendo quando ficam querendo engravidar? Acham mesmo que todo namorado é pra sempre, que a família vai ficar do lado em todos os desafios, que vai sempre ter alguém para apará-la nessa jornada? Sejamos bem sinceras, o que vai acontecer:
 
1. A supermulher vai engravidar.
2. Se o namorado trabalha, vai ter que dar ainda mais duro para sustentar essa criança, porque convenhamos que, a não ser que a menina vá trabalhar de aprendiz de Donald Trump ou rodar bolsinha, não vai ter o suficiente nem pra se manter.
3. Se o pai da criança não trabalha, preparem-se, avós, mais uma boca para alimentar.
4. Os outros vão arcar com todo o enxoval.
5. A criança nasce, a menina vai cuidar durante um tempo, e depois disso ela vai voltar a suas tarefas, como escola, curso de inglês... e aí alguém vai cuidar da cria dela pra isso.
 
É isso.
 
Sei que tem meninas mais velhas que ainda deixam os filhos com a mãe/tia/babá para estudar ou o que for, mas ainda sim têm algum tipo de independência. A partir dos dezesseis, você pode se emancipar, e aí responde por si mesma, pode trabalhar registrada, garantir seus direitos. Uma menina de catorze anos que trabalha sem contrato não poderia, por exemplo, garantir licença maternidade ou férias remuneradas. E aí, o que farão ao parar de trabalhar para ter o bebê? Vão sentar no portão de casa pedindo esmola?
 
Se eu estiver sendo grosseira, peço desculpas, mas não consigo achar nem um pouquinho que seja certo uma menina dar prioridade aos próprios desejos ao invés de agir com racionalidade. Não vou discutir mais o assunto por enquanto, mas logo volto a postar mais sobre isso.

domingo, 19 de maio de 2013

Nove meses no infinito

Be no colo da dinda <3

Na sexta, o Be completou nove meses. Três quartos de ano. Duzentos e doze dias fora da barriga da mamãe [hoje tem mais dois], contra os duzentos e trinta e sete desde que descobri que o esperava até o nascimento.

E aí na quinta, às vésperas de completar meses, ele começou a engatinhar de verdade. Porque antes até engatinhava, mas era no soldadinho sob arame farpado style. Agora ele é um menino grande e engatinha direito. Sexta à tarde, brincando com ele, vi mais um dentinho saindo, depois de quase três meses só com aquelas duas presinhas. Agora tá engraçado, porque ele tem três dentes embaixo e nenhum em cima HEHEHE

Vê-lo crescer é lindo. Vê-lo crescer é desesperador. Não sei se foi em filme que vi ou alguém me disse, mas a missão de mãe é angustiante: preparamos os seres que mais amamos para que um dia nos deixem. É um pensamento um tanto pessimista, mas não pode negar que há uma veracidade, porque ao auxiliar nossos filhos no crescimento nada mais é do que guiá-lo em direção à sua independência. Ainda assim, é uma alegria sempre que eles fazem algo novo. É amor.

Hoje ele engatinha e ganha dentes. Logo, vai estar correndo e gritando suas primeiras palavras. E assim caminham mãe e filho...

terça-feira, 7 de maio de 2013

Maternidade: Super Mario World da vida real

 Às vezes, ser mãe pode ser, ao mesmo tempo, recompensador e aborrecedor. Que nem videogame. Que nem quando jogamos Mario, e vamos vencendo fase depois de fase, e aí acaba a bateria antes de salvarmos o jogo e, no dia seguinte, precisamos recomeçar tudo.

Não é aborrecedor por não conseguirmos nenhum resultado positivo, mas porque o desafio nunca acaba. Depois que vencemos a gravidez, que é uma fase em que basicamente estamos sozinhas [por mais que tenhamos o pai do bebê, amigos e o Papa do lado, tem uma parcela enorme dessa experiência que apenas nós conhecemos], vem a parte de cuidar de um recém-nascido. De aprender como uma pessoa tão pequena e frágil funciona. E aí vem o primeiro sorriso, o pescoço ficando firme, a visão melhorando... são inúmeros os mundos em que vamos jogar na criação de um filho e, por mais que vençamos todas as fases, elas nunca acabam.

Não somos as jogadoras principais. São nossos nanicos que, com aquela carinha inocente e todas as dobras fofas, são muito mais espertos do que nós. Quando estamos jogando com eles, muitas vezes estamos ainda colhendo moedas quando eles já mataram o chefão. Me vejo sendo passada para trás pelo Be diariamente: me preparo para a próxima artimanha, penso em como ajudá-lo com algo e, quando vejo, ele está fazendo tudo sozinho, como se soubesse fazer o tempo todo e estava esperando para fazer surpresa. Sempre que o Be me surpreende com um novo feito, eu fico enfezada por saber que eu não tive um dedo naquilo praticamente, porque ele foi quem teve o trabalho maior de aprender. Nós nos entregamos tanto a esses bichinhos, subestimando sua capacidade, que nos vemos meio frustradas quando os vemos fazer sem que precisemos incentivar.


O Be, assim como a maioria dos bebês, começou a sorrir dormindo. E são mais imitações de nossas expressões do que felicidade de fato. A primeira vez que o vi sorrindo, que eu senti que era por estar feliz, eu consegui fotografar, que é essa foto acima. Tenho uma foto de sorriso anterior a essa, mas foi um flagra de quando ele estava dormindo. Ver pela primeira vez tal coisa me encheu de um amor indescritível. Não sei se foi a primeira fase vencida, porque eu não sei como posso ter um grande papel no sorriso, mas espero poder dizer que fiz minha parte o deixando feliz para sorrir... 

Eu acho que bebês são criaturas muito mais inteligentes do que nós. Não precisam fazer grande esforço e sempre têm alguém disposto a fazer tudo por eles. E aí, quando estão satisfeitos, nos presenteiam com um novo feito que nos encanta. Há pouca no mundo que seja tão gostoso quanto ver os nossos filhos fazendo algo pela primeira vez. Eles podem não lembrar de nada depois, mas nós lembramos. EU guardo datas de várias pequenas coisinhas que aconteceram com ele.


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O primeiro sorriso consciente registrado foi no dia 30 de setembro. A primeira ida à piscina foi um dia depois do Natal. O primeiro suquinho foi no dia 3 de janeiro. A primeira frutinha, no dia 8 do mesmo mês. No dia 19 de fevereiro, saiu o primeiro dentinho e, no dia seguinte, ele comeu sua primeira sopinha. Será que faz diferença lembrar tanto dessas datas? Ou será mimimi de mãe mesmo? Eu acho que, quando o Be for maior, ele nem vai se interessar por essas coisas e, provavelmente, vai achar até constrangedor falar disso. Mas para mim foi como se a cada novo feito eu descobrisse mais magia naquela criatura tão minúscula.

É como se de repente o Yoshi não precisasse mais do Mario para pular, voar, dançar ragatanga e salvar a princesa. É como se o Mario só ficasse indo atrás para ter certeza de que o Yoshi tá bem. E, ainda que eles estejam mais hábeis do que esperamos que eles sejam, não deixamos de ter medinho cada vez que eles dão um passo a mais na jornada de crescer. Vejo o Be agora aprendendo a ficar de pé segurando nas coisas, e a cada segundo tenho um miniinfarto achando que ele vai cair, se arrebentar loucamente e ficar todo roxo, enquanto ele está se deliciando com o seu novo poder de locomoção. Ele deve pensar que sou idiota por ficar tão aflita quando ele é mais seguro de seus movimentos do que eu acho que ele é.


Pois é. Acho que nossos filhos dão bailes na gente antes que percebamos, com pequenas façanhas que nos pegam desprevenidas. Não esperamos muita coisa deles, porque acabamos nos atribuindo a tarefa de assisti-los em seu crescimento, e nos vemos surpreendidas quando nós os colocamos na cama, pronto para vê-los tombar pro lado, e eles ficam sentadinhos, como se fizessem aquilo há séculos. E aí, quando achamos que já estamos acompanhando direitinho a evolução deles... eles mandam um beijo. E depois ficam dias sem fazer isso, como se fosse nos deixassem na vontade de mais. Eles são manipuladores, esses nanicos. Sabem que são terrivelmente amados e usam isso a seu favor. Parecem saber que cada gracinha via ser recebida com um rio de amor e alegria, e vão se exibindo por amor. Eles só não sabem que nós, mães, nem fazemos questão de lutar contra essa manipulação: já estamos tão encantadas que até achamos lindas fraldas lotadas de merda... como não nos derreter então com beijos, com lambidas nas mãos, mordiscadas nos braços?

Enfim, por hoje é só. O bichano tá lá na sala ameaçando a fugir do carrinho [outra fase já destravada] e nós vamos ao mercado. Beijos a todos! <3