Eu não sou contra mães jovens, até porque eu tive o Be um mês depois de fazer vinte anos. Mas tenho um problema muito grande com um certo tipo de mãe adolescente: aquelas meninas que, com treze ou catorze anos, querem ser mães custe o que custar.
É lindo ter um filho, é muito bom ser mãe, mas sejamos francas: é uma puta barra, e não consigo aceitar que seja madura o suficiente para ser mãe uma menina que mal terminou o ensino fundamental, isso se terminou. Fico pensando no que uma garota dessas imagina que seja a maternidade, porque com certeza passa muito longe da realidade. E eu acho um absurdo ainda por cima porque seus discursos são sempre baseados em 'eu quero', 'meu namorado trabalha', 'minha família apoia'. OK, ela tem apoio. E se, depois de engravidar, descobre que o namorado tem outra, ele se manda, morre, a família é sequestrada por ciganos ou dá as costas, o que essa menina vai fazer? Como vai cuidar de uma criança, sendo que nem registrá-la sozinha ela vai poder? O que vai fazer para garantir que o filho vai ter uma fralda pela manhã, um leite quando a fome bater?
Tô pra fazer 21 anos, tenho formação técnica e ainda assim para mim não é fácil. Decidi ficar em casa o quanto puder com o Bernardo, afinal minha prioridade agora é ele, mas se eu precisar me virar eu tenho como. Não preciso me preocupar com escola, nem com contar com meus pais quanto a certas responsabilidades. Ainda que eu seja mãe solteira, posso dar um jeito de cuidar do Bernardo se eu não tiver ajuda. Sou legalmente responsável tanto por mim quanto pelo meu filho.
E aí me pergunto: será que essas meninas de catorze anos têm a menor noção do que estão fazendo quando ficam querendo engravidar? Acham mesmo que todo namorado é pra sempre, que a família vai ficar do lado em todos os desafios, que vai sempre ter alguém para apará-la nessa jornada? Sejamos bem sinceras, o que vai acontecer:
1. A supermulher vai engravidar.
2. Se o namorado trabalha, vai ter que dar ainda mais duro para sustentar essa criança, porque convenhamos que, a não ser que a menina vá trabalhar de aprendiz de Donald Trump ou rodar bolsinha, não vai ter o suficiente nem pra se manter.
3. Se o pai da criança não trabalha, preparem-se, avós, mais uma boca para alimentar.
4. Os outros vão arcar com todo o enxoval.
5. A criança nasce, a menina vai cuidar durante um tempo, e depois disso ela vai voltar a suas tarefas, como escola, curso de inglês... e aí alguém vai cuidar da cria dela pra isso.
É isso.
Sei que tem meninas mais velhas que ainda deixam os filhos com a mãe/tia/babá para estudar ou o que for, mas ainda sim têm algum tipo de independência. A partir dos dezesseis, você pode se emancipar, e aí responde por si mesma, pode trabalhar registrada, garantir seus direitos. Uma menina de catorze anos que trabalha sem contrato não poderia, por exemplo, garantir licença maternidade ou férias remuneradas. E aí, o que farão ao parar de trabalhar para ter o bebê? Vão sentar no portão de casa pedindo esmola?
Se eu estiver sendo grosseira, peço desculpas, mas não consigo achar nem um pouquinho que seja certo uma menina dar prioridade aos próprios desejos ao invés de agir com racionalidade. Não vou discutir mais o assunto por enquanto, mas logo volto a postar mais sobre isso.