sábado, 23 de março de 2013

Mamãe muderrrna

Quando eu engravidei do Bernardo, ninguém acreditou em mim. Falaram até que eu tinha forjado um teste de farmácia para chamar atenção, como se isso fosse o jeito mais bacana do mundo pra se exibir.

A questão é que ninguém me via como futura mãe. Amigas próximas minhas duvidaram de mim, disseram que era paranoia minha mesmo depois de eu ter mostrado exames provando a gravidez, coisa que fiz porque cheguei a me irritar com gente agindo como se eu estivesse fazendo uma péssima piada. Um amigo meu, o Luís, chegou a me dizer, quando eu estava já com vinte e nove semanas, que não acreditava que eu seria mãe ainda, que só acreditaria quando me visse com meu filho no colo.

Eu entrei na USP com o cabelo INTEIRO roxo. No ano seguinte, fiquei com moicano, com quase 3/4 da cabeça raspada [se olhar bem, na foto meu cabelo tava crescendo já]. Tive alargadores no ensino médio, que duraram até pouco antes de eu engravidar, e voltei a usar na gravidez porque estava impedida de fazer outras intervenções estéticas [pintar o cabelo, fazer tatuagem]. Tenho cinco tatuagens. Estou bem acima do peso há anos. Alguns amigos meus já me disseram que achariam que eu ainda era BV se eu não tivesse tido um filho. Minha doce amiga Mariana me zoou muito com isso nesses dias HAHAHA Eu era loucona, tive problema com drogas, tive crise de pânico, fumava dois maços de cigarro por dia, morei em ocupação estudantil, em alojamento masculino, com amigos do outro lado da cidade... e, fora uma época que durou até pouco antes de engravidar, eu era muuuuuito sossegada com a questão sexo. Eu não sentia nenhuma emergência, mas uns seis meses antes de engravidar entrei na fase de querer todo mundo, descobri que eu podia ser gordinha, estranha ou o que for, mas que eu tinha o meu próprio encanto. Caras com quem eu achava nunca ter uma chance vieram atrás de mim. Foi a época em que meu ego finalmente deixou de ser negativo.

O engraçado é que eu engravidei depois de ter sossegado de novo. Parei de ver um cara com quem eu fiquei por quase três meses, num comprometimento de fim de semana só, e esse sumiço repentino dele mexeu um pouco comigo. Aí juntava a minha confusão por estar com uma quedinha por uma pessoa muito querida que tava já quase casando [e hoje já está!], e eu me fechei de novo. Ia para festas, rolava um climinha com alguém, mas eu não tinha vontade de ir em frente.

Daí um dia me surgiu o Renato Russo II pra me tirar a paz.

Veja só, se eu fico com um cara que tem namorada, rolo ou o que for, eu não me sinto culpada, porque o comprometido é ele, não eu. A não ser, claro, que a mina seja amiga minha, porque aí tem a questão da fidelidade de amigo. E esse carinha aí ficava/namorava/comia uma garota com quem eu tinha morado até pouco antes, e já tinha namorado outra amiga minha [que, aliás, foi quem nos apresentou de relance meses antes]. Me insultaram no começo da gravidez, falando que eu tinha ficado com o cara só pra ser FDP com a mulher e tal, por causa de desavenças que tivéramos antes de eu me mudar, e eu nem sabia que era com ela que ele ficava. Sabia que ele ficava com alguém na ocupação em que eu tinha morado, mas eu nunca o tinha visto por lá.

Mas enfim. Aí, depois que começaram a acreditar que eu estava grávida, me falaram que eu devia pensar em abortar, porque era uma barra criar um filho sozinha [contei ao cara, mas nem ficamos mais] e eu tinha só dezenove anos. Mas nunca me passou pela cabeça abortar. Eu sabia que ia abrir mão de muita coisa, porém só a ideia de interromper aquela vida me era dolorosa. A gravidez toda eu ouvi que não conseguiam me ver como mãe. NINGUÉM me disse que eu sempre tive cara de mãe, todo mundo só acabou comigo falar que eu não tinha nada a ver com a maternidade HAHAHAHA

E aí veio a fase de todo mundo falar que, dependendo do pai e da mãe, meu filho seria hippie, loucão e por aí vai. Quando soube que era menino, o Matheus, amigo meu, veio me encher o saco para que nomeasse o bebê como Calígula [afinal, uma criança concebida na cama de um ex-quase-padre, filho meu, feita na noite da festa chamada Atentado Contra a Moral e os Bons Costumes, tinha a obrigação de ter um nome homenageando um doidão que nomeou o próprio cavalo ministro e prostituiu as esposas de todo mundo]. E eu, canceriana e grávida, sensível ao mááááximo, me sentindo ofendida HAHAHA

Gente, sério, teve gente que pareceu ficar surpresa por eu ter colocado um nome normal no meu filho. Acho que imaginaram que eu realmente ia botar no bebê o nome de Caos, para combinar com o sobrenome Urbano. E foi mais ou menos nisso comecei a notar, também porque eu tava já com um barrigão de grávida, que todo mundo me olhava meio torto na rua. Afinal eu era uma grávida gordinha, com alargadores, tatuagens e moicano, comprando um rio de chocolates e coisas de bebê. E aí, quando eu via uma dessas gravidinhas modelos, fofas, super donas de casa, com o cabelinho de pontinhas viradas para fora, todo mundo ficava super babando, achando linda a maravilha da gestação.

E aí nas roupinhas, maaaaais loucura. Eu via gente querendo as roupas mais embonecadas para seus nenéns, e eu procurando roupinha de banda, personagens de desenho e mimimi pro Bernardo. Ele hoje tem roupa do Tigrão, Nemo, Poderoso Chefão, cogumelinho do Mario, esqueletinho, Led Zeppelin, Chapolin. É uma coisa mais linda que a outra. Só que aí eu saio com o Be de tigre e me falam: 'Só podia ser você!'.

Gente, desculpa, mas hoje tá todo mundo diferente, por que as mães não podem ser diferentes também? Nesses dias, fui com duas amigas ao Shopping Paulista e na porta do banheiro, enquanto esperava uma das meninas, uma moça me disse que o Bernardo não tinha nada a ver comigo, e me olhou como se eu fosse uma ladra de bebês. Eu fiquei totalmente sem reação [mesmo que às vezes nem eu acredite que o Be é meu filho, só acredito porque tenho um exame de DNA que comprova isso HAHAHAH], porque chegou a ser meio grosseiro isso!

Já falaram que eu sou mãe moderna, mas eu tenho muitos pensamentos antiquados, segundo algumas outras pessoas. Sou contra o aborto, e principalmente contra um monte de gente que fala de aborto como sendo uma afirmação da própria independência sexual. Sou contra gente que marca cesárea sem necessidade. Mesmo. Não vou discutir isso agora, porque eu falo muuuuuito sobre isso, e vou fazer um post exclusivo sobre o assunto depois. Acho que nome tem que ser simples e prático, não todo poluído com letras inúteis só pra parecer 'chique'. Não quero meu filho alienado na frente da TV e do videogame, vou ensiná-lo a desenhar, a falar mil línguas, o pai dele vai ensiná-lo a tocar piano e a costurar [SÉRIO HAHAHAHA]. Vou fazer telefones de lata com ele. Acho absurdo como tem criança hoje que nunca brincou com isso! Vou levá-lo pra viajar. Vou ensinar a pintar e, quando ele já for maiorzinho, vou deixar que ele pintei o quarto como quiser. Se ele quiser, vamos criar um idioma só nosso. Mas, de boa, não vou me matar de trabalhar pra rodeá-lo de babás eletrônicas.

Vou-me agora, que o bichano dormiu e tá na hora de eu despencar também.

5 comentários:

  1. ja estou aqui lau segue o meu blog achei lindo e interesante o teu
    bjss

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  2. Nossa, fiquei indignada com a mameira que as pessoas veem as mães, sério, parece que elas estão esperando mulheres iguais fabricadas em grande escala numa fabrica!
    É cada um sem noção, né!

    O blog ta ótimo Lau, bjão!

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  3. Concordo com a Girleide, muitas pessoas me olhavam super torto por eu ser nova. Tinha gente que falava já vai ter um filho ? Ficava muito mal por isso.
    Mais parabens Lau muito bom seu blog amei (=

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  4. Sempre haverá preconceito Lau as pessoas criam em suas cabeças pequenas apenas um modelo de mãe.
    Adorei seu post queria que vc falasse da questão da cesarea desnecessária e seus riscos.

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