sábado, 23 de março de 2013

E aí chegou o bichano...

[Bernardo em suas primeiras horas de vida. Lindo, fofo, e já atrevidinho com o dedinho quase levantado.]

Eu acho que, como quase toda menina, eu sonhava com filhos desde cedo. Meus bichinhos de pelúcia todos tinham nomes e, quando eu tinha uns seis anos, acreditava que eles ganhavam vida durante a noite, e chegava a deixar comida para eles no meu quarto. Sou canceriana, né, e ficava com pena até dos bichinhos inanimados e sua fome imaginária.

Assim como quase toda menina, eu também fantasiava sobre casamento, o príncipe encantado. Eu tinha planejado, já aos dez, onze anos, me casar com uns vinte e três anos, curtir a relação a dois antes de encomendar um herdeiro. E eu tinha certeza de que teria uma menina, sempre me vi como mãe de uma, e pensava em muitos nomes para minha filha hipotética. Queria que meus filhos fossem todos misturas perfeitas de mim e do meu marido fantástico e infalível. Eu já imaginava como os educaria, que eu estaria terminando a faculdade e poderia até conseguir já colocá-los em escolinhas particulares...

Daí BUM! na minha vida planejada. Eu tinha dezenove anos, estava vivendo sozinha na cidade grande, com problemas de todos os tamanhos, estava me recuperando de um vício, não tinha planos pra nada e só fazia m*rda. E aí, no final de 2011, fui a uma festa com amigos, encontrei um cara que conhecia de vista, com quem tinha conversado um pouco naquela noite, e fomos para a minha casa. Minha ideia era de uma ficada só, quem sabe outra lá pra frente, mas a impressão que o cara me deu foi de ser alguém legal e aí, sendo canceriana idiota que sou, me apaixonei. Foi automático. Me interessei por aquela conversinha de pseudo-gênio, aqueles cachinhos pretos e foi isso aí. Só que, no mesmo dia em que ficamos, depois que ele foi embora da minha casa, eu fiquei com um nó na mente. Algo apitava, indicava que algo estava acontecendo naquele exato momento...

Eu nunca tinha cismado com gravidez antes. Tive dois episódios tristíssimos relativos a isso, pelo menos um ano e meio antes, mas fora isso eu nunca encanei com a ideia de engravidar. Em outubro, dois meses antes, eu tinha visto pela última vez um cara com quem costumava ficar, e com quem sempre contei com sorte para não rolar uma gravidez. Até ele chegou a encanar uma vez ou outra, mas um bebê não chegou a passar pela cabeça em nenhum momento. Então, nessa ficada, eu encanei. E muito. Eu passei os dois dias seguintes sozinha, sem ter com quem falar sobre isso, e aí na terça seguinte, três dias depois, encontrei um amigo e afirmei para ele que achava que estava grávida. Ele surtou, disse que ia me ajudar, chegou até a me dar dinheiro para tomar pílula [que eu tomei até, mas sem esperança depois de tanto tempo], e disse que, no fundo, achava que era só noia minha. Nos dias seguintes, conversei com vários amigos sobre isso, todos falando que era coisa da minha cabeça, que eu tava paranoica, e eu com a certeza.

Se não me engano, isso foi bem no dia em que deveria vir a monstra. Eu fui com amigos à Festa do Livro na USP e, enquanto falava ao telefone fora do prédio, senti cheiro de chocolate, muito forte. Olhei ao redor, esperando que alguém estivesse comendo perto de mim, mas não havia ninguém. Percebi que o cheiro vinha de uma mesinha a uns quatro ou cinco metros de mim, onde uma moça exibia lindos alfajores e trufas. Eu nunca tive um belo olfato, mas isso me surpreendeu e muito, e eu lembrei que a minha irmã passara por um episódio igual quando descobriu que estava grávida. Não vindo a monstra, tivesse certeza de que tinha engravidado.

Maaaaaas decidi que, sem ter certeza absoluta sobre isso, era melhor fazer um exame para confirmar antes de contar à minha família e ao cara. Confirmei na véspera de Natal de 2011.

Não pensei em momento nenhum em aborto. Para mim, era uma coisa totalmente fora de questão. Logo que confirmei, tinha mais do que certeza de que teria o bebê, contando ou não com a ajuda do pai dele.

E aí, em agosto de 2012, chegou o meu Bernardo. O bichano dessa história. Basicamente o post é para explicar o motivo do 'bichano'.

O Be é um bebê muito tranquilo e delicado. Ele é magrinho, fofinho, com um rosto delicado. E quando nasceu parecia um boneco, e seu choro não passava de um miadinho tímido. Comecei a brincar chamando o RN de bichano, e ficou até hoje. Os miadinhos viraram gritos agudérrimos, mas ele ainda é um bichaninho.

Um comentário:

  1. Vou indicar o seu blog para minha irmã.Ela também tem 19 anos, engravidou sem planejar de um cara com quem ela tem um relacionamento mega conturbado e com o qual não vê futuro e está muito deprimida.O seu relato é uma história de força e superação.

    Náy.

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