terça-feira, 24 de setembro de 2013

Brinquedo de menino, meu [Kinder] ovo

Se tem algo que eu detesto é gente que adora achar preconceito onde não tem. Gente que acha que tudo entre um homem e uma mulher acaba em machismo, que é só ter uma pessoa negra no meio e vai haver racismo, e acabam soando tão hipócritas que até dói.

Falam que feminismo é a busca pela igualdade entre os sexos, mas o que vejo, quase o tempo todo, é uma tentativa de inversão de valores, em que defensores do movimento agem como se todo e qualquer homem fosse um erro, como se tudo fosse obra do machismo... nesses dias, me desapontei com um blog que eu lia, em que cheguei a ler que o laço materno ser mais forte do que o laço paterno com o bebê é uma imposição da sociedade.

...

Desculpa, mas OI?

Olha, eu entendo muito bem a importância do feminismo na atualidade, entendo as reivindicações e tudo o mais, mas sério: há coisas que vão muito além do que é uma 'imposição da sociedade'. Não foi a sociedade que impôs que seria a mulher a carregar por nove meses o bebê, que seu corpo sofreria mudanças e que ela criaria um vínculo inigualável com esse ser desde o começo, enquanto para muitos homens a ligação só vem de fato depois do nascimento da criança.

No post do tal blog que eu citei, falava-se de uma notícia sobre um pai solteiro, e veio todo aquele mimimi de 'mas se fosse mãe solteira falariam que é puta', e que o cara não deveria ser tão admirado, porque ele não tava fazendo mais do que o trabalho dele.

Bom. Primeiro: a mãe da criança tinha dado ela pro pai alegando não ter condições de criar o  bebê, não foi atrás de pensão e auxílio, nada. Simplesmente abriu mão. Eu, tendo um filho, não tenho as melhores condições do mundo para criá-lo, sei muito bem que é preciso uma enorme frieza para conseguir deixar um filho ao invés de lutar para ficar com ele. Aí vem a segunda observação: não há como comparar o sangue frio de uma mãe que optou por ter esse bebê ao decidir não ficar com ele. Aqui também vem uma coisa que eu acho de uma mega hipocrisia: a maioria esmagadora dxs feministas que eu conheço defende o aborto como se fosse um dever da mulher, esquecem que o feto NÃO é parte do corpo da mulher, que em uma esmagadora maioria das vezes se formou por irresponsabilidade da mãe também [convenhamos que na era da informação não é tão difícil entender que sexo seguro não é só camisinha, que o melhor meio de se evitar a gravidez é a combinação de dois tipos de contraceptivos], e mesmo assim se o pai não concorda com a decisão da mulher sobre o que será feito quanto a essa gravidez ele é machista e mimimi, mas se a mulher decide ter o filho ele é obrigado a pagar pensão. Não tô vendo igualdade aí.

Vão falar que é a mulher que carrega e mimimi, mas na boa? Gravidez não é doença, minha gente. E não é um bicho de sete cabeças evitá-la. Engravidei por descuido puro, sei bem onde errei e sei o que poderia ter feito para evitar. Se as pessoas tivesse consciência de como é difícil uma concepção evoluir até uma gravidez 'de verdade', quantos abortos naturais a mulher sofre ao longo da vida, a vasta oferta de métodos contraceptivos [sempre há a abstinência pra quem não quer cagar mesmo, e não estou considerando casos de estupro no post], entenderiam que o aborto é só uma contenção de danos, que não é disso que é preciso, mas sim uma educação sexual bem trabalhada para a população, informações, planejamento familiar, tudo. Aborto não vai evitar a contaminação da mulher por DSTs, então de que adianta tirar o feto e deixar uma doença?

Mas enfim, não é meu objetivo discutir aborto agora. Sou abertamente contra e já comentei sobre isso aqui. A questão: machismo ou não-machismo?

Para mim não tem como exigir igualdade na maternidade e na paternidade. Há questões muito além de morais, sociais. Enquanto o homem não puder entender o que é uma gravidez, provavelmente nunca terá completa noção do amor materno. É uma coisa única da mulher, e acho que alguém que dá valor ao seu gênero não deveria abrir mão disso.

O que dá pra discutir: a mania do mundo de exigir que a criança seja um menino ou uma menina, que use suas cores designadas, que lute com espadas de plástico se João e penteie a boneca se Maria.

Eu sinto bem isso com o Bernardo, e eu queria ganhar um real para cada vez que acharam que ele era uma menina por um motivo idiota. Um dos primeiro presentes que ele ganhou, antes mesmo de eu descobrir que era um menino, foi um ponchinho que um amigo trouxe de uma viagem. O poncho é colorido, e tem uma faixa rosada, e toda vez, a não ser que ele esteja usando uma touquinha de mano, vem alguém falar que a minha princesa é muito linda. Agora que ele tá com o cabelinho mais comprido, com cachinhos ao redor das orelhas e na nuca, se ele não está com algo berrando SOU MENINO acham que é menina pelo cabelo.

Resumindo: não é um menino porque usa cabelo compridinho e um poncho com uma faixa magenta. Tá seeeeerto. Parece que isso está na cabeça de todo mundo. Não pode usar rosa, não pode fugir do cabelo joãozinho. Sério, só não uso rosa no Be porque eu não gosto da cor, assim como quase não compro coisas laranjas para ele [a exceção ao meu horror é a roupa de tigre ♥]. Os móveis dele são em branco e lilás. Quando eu tiver uma filha, farei questão de não comprar nada rosa pra ela, sonho com um enxoval em creme e azul, acho uma coisa linda demais HEHEHE

E aí, fugindo apenas da parte da aparência, parece que as crianças são obrigadas a se separar em pintinhos ou pepequinhas na hora de escolher seu brinquedo favorito. Quantos casos já ouvimos de um menininho pequeno que virou chacota na família porque roubava as bonecas da irmã, ou da 'machinho' que adorava brincar com carrinhos de corrida? Eu mesma fui super moleca, não curtia muito Barbie, adorava brincar de escolinha e Digimon HAHAHAHAHAH e lembro que com sete anos eu pedi de aniversário ou Natal, não sei, um kit de química, com uns pozinhos e líquidos que eram misturados pra mudar de cor [nem lembro de como era mesmo, só lembro que não tinha certeza se os tubos de ensaio eram de vidro e taquei um no chão [e era HHAHAHA]], e minhas amiguinhas de escola falaram que era brinquedo de menino, e exibiam seus novos brinquedos da Xuxa.

O Be tem alguns 'brinquedos de menino', como um caminhãozinho que ganhou da tia Pam, mas tem bichos de pelúcia, inclusive uma galinha rosa do Cocoricó, uma centopeia colorida de pelúcia e uma de plástico super bacanas, tem Padrinhos Mágicos e tudo. Quando vou com ele a uma loja de brinquedos, observo a reação dele a algumas coisas para decidir o que comprar pra ele. Eu acho que ele tem que ter a liberdade de escolher explorar aquilo que chama a atenção dele. Pretendo, quando ele já estiver um pouquinho maior, deixar que ele escolha alguns brinquedos que queria comprar, Se ele quiser uma boneca, para cuidar ou destruir, ele terá. Prefiro ele brincando de escolinha e botando os bichinhos de pelúcia dele pra dormir do que virando um pequeno troglodita que respira violência e passa o dia brincando com arma de brinquedo e vendo vídeos e filmes de guerra [tipo meu irmão]; Aliás, queria aproveitar o post e mandar um VSF pro babaca que inventou de produzir armas para crianças.

E outro VSF para a Kinder que inventou essa MEEEEEEEEEERDA de Kinder Ovo Menina e Kindes Ovo Menino. Para que isso, gente? Já não basta cobrarem um braço num nada de chocolate, e ainda querem decidir pela criança -e acabar com a graça da surpresa -o que ela vai poder ganhar naquilo?

Enfim, é isso. Pretendo trabalhar essa questão de novo logo, mas por enquanto é só (:

Um comentário:

  1. Super apoio, o Nikollas tbm adora bichinhos de pelucia e um de seus brinquedos preferidos eh uma bonequinha de anime, que minha tia trouxe do japão pra mim quando eu tinha 2 anos, e ele a faz dormir, abraça, faz carinho, conversa.. esses dias entrei numa questão parecida qndo o Nikollas começou a girar e disse: Olha mamãe, estou dançando ballet! feliz da vida pq ve as meninas na escolinha dançando, e veio um amigo e disse: credo, ballet é de menina. E eu falei: quem disse? se ele quiser dançar ballet, ele vai dançar, ele se diverte assim, e pode ser livre pra rodopiar o quanto quiser. Bjo Lau, e da um beijo enoooorme no Be, Natyh e Nikollas

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